sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Digressões sobre o sentir.

'Quando alguém diz que não sabe o que sente, não quer dizer que não sabe o que sente,mas quer dizer mesmo que não sente nada, porque se sentisse mesmo alguma coisa diria: "eu sinto", nem muito nem pouco, apenas 'sinto'. Ou nada diriam o que é melhor. Sentir é abstrato. Num dia sentimos, por exemplo, saudade, e no outro dia nem lembramos mais, seja de alguém,seja de um fato, seja de um objeto. Não sei se sinto saudade (será que quero dizer que não sinto nada, pela minha própria tese digressiva?) de alguém ou do modo de ter estado junto. [...] a saudade, seja de um dia cinzento, seja do sótao da casa onde dormíamos de porta aberta por que não havia medo de balas perdidas, não tem mesmo medida nem hora. Mas o que dizer de uma saudade que sinto do futuro? De alguem cujos movimentos não conheço e nunca senti se cheiro? De alguem cujo sentimento é só palavra? Não sei muito bem o sentido desse sentir, por isso não posso dizer, "sinto muito" ou que não sei o que sinto, mesmo que seja o maximo da contradição. Sentir é contradizer. Sentir é só sentir, mas eu sinto."
Por Fábio Brüggeman

Eu sinto, mais do que o sentir comum, o sentir que desespera, que me faz querer não sentir mais. Mas ao mesmo tempo me faz querer sentir cada vez mais. Quero apenas nesse momento sentir o sol, o calor transpassando minha pele e corroendo minhas dúvidas. E ah quantas são elas. Dúvidas e mais dúvidas entram em conflito na minha cabeça; só queria um rumo, uma seta, um chão.

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